A síndrome do túnel do carpo é a condição que causa dor, formigamento e fraqueza na mão, resultante da compressão do nervo mediano à medida que passa pelo túnel do carpo, uma estrutura óssea e ligamentar localizada no punho. O tratamento pode ser conservador, com uso de órteses e terapia ocupacional, ou cirúrgico, para descompressão do nervo, e, quando bem indicados, ambos podem trazer bons resultados.
A avaliação com médico especialista é fundamental para confirmar o diagnóstico e conduzir o tratamento mais adequado para cada paciente.

• Tópicos:
• Introdução
• Como ocorre a síndrome do túnel do carpo?
• Como decidir se o melhor tratamento é cirúrgico ou conservador?
• Diagnósticos diferenciais
• Perguntas frequentes

Introdução:

A síndrome do túnel do carpo é uma condição que acomete cerca de 3% da população geral e é mais comum em mulheres, especialmente entre 30 e 60 anos de idade. É frequentemente associada a fatores como diabetes mellitus, artrite reumatoide e atividades que envolvem a flexão do punho. Os sintomas geralmente incluem dor, formigamento e perda progressiva de sensibilidade no polegar, indicador, dedo médio e parte do dedo anelar (área de sensibilidade do nervo mediano) e, em casos mais avançados, pode apresentar perda de força de pinça do polegar (mais precisamente: perda de abdução do polegar por comprometimento da musculatura tenar, também de responsabilidade do nervo mediano)

Como ocorre a síndrome do túnel do carpo?

A causa da síndrome do túnel do carpo é a compressão do nervo mediano entre o ligamento carpal transverso e o assoalho ósseo do punho. Os motivos para o aumento da pressão dentro do canal carpal são vários, desde alterações anatômicas ou sequelas de fraturas (que podem reduzir o espaço disponível para as estruturas que passam dentro do túnel do carpo) quanto a compressões dinâmicas como manter o punho fletido ou estendido por longos períodos com certa frequência (durante períodos de trabalho, dirigindo veículos ou mesmo durante o sono). Os primeiros sintomas geralmente são a dor e formigamento nos dedos, principalmente à noite ou nas atividades diárias que estão relacionadas com a compressão dinâmica do nervo mediano.

O diagnóstico é clínico e pode ser complementado por exames de imagem, como ultrassonografia ou ressonância magnética, para avaliar se há espessamento do nervo mediano (pois, com o tempo, o nervo mediano se “defende” da compressão aumentando seu calibre) e possíveis alterações anatômicas. Também pode ser útil o exame de Eletroneuromiografia (ENMG) pois avalia o tempo e qualidade da condução do estímulo sensitivo e motor por cada nervo dos membros avaliados. A síndrome é classificada conforme a gravidade, que varia desde leve, com sintomas ocasionais, até grave, marcada por perda de força motora e sensibilidade alterada no território do nervo mediano.

Tratamento da síndrome do túnel do carpo

A confirmação do diagnóstico deve ser feita por um médico especialista. O tratamento conservador geralmente é bem indicado como tratamento inicial para os pacientes com diagnóstico recente e sintomas leves, na ausência de sinais de alarme (hipotrofia da musculatura tenar, principalmente). Inclui mudanças de hábitos, uso de órteses noturnas para manter o punho em posição neutra, terapia da mão e medicamentos para controle dos sintomas de dor.
Nos casos em que estão presentes os sinais de alarme ou que o tratamento conservador não é possível ou não proporcionou os resultados esperados, o tratamento cirúrgico pode ser bem indicado e envolve a liberação do ligamento carpal transverso para descompressão do nervo mediano no túnel do carpo.
A cirurgia é considerada um procedimento de pequeno porte, geralmente por via aberta e visualização direta do nervo mediano ou por via endoscópica através de um único portal, realizado no punho. A segurança da cirurgia está relacionada à boa visualização do nervo mediano e do ligamento a ser seccionado, independentemente da técnica utilizada. Lembrando que toda cirurgia, por menos invasiva que seja, pode apresentar complicações e as dúvidas relacionadas aos riscos e ao cuidado pós operatório devem ser esclarecidas na consulta!

Diagnósticos diferenciais

O nervo mediano pode sofrer compressão em diferentes níveis, portanto, é importante ficar atento às condições que podem confundir o diagnóstico ou também estar presentes em conjunto e potencializar os sintomas da síndrome do túnel do carpo.
Quando uma síndrome compressiva mais alta de nervo periférico potencializa os sintomas de uma síndrome mais baixa, ou vice-versa, chamamos de fenômeno de “double-crush”.
Compressões cervicais ou ao nível do plexo braquial devem ser avaliadas em conjunto quando se há suspeita de compressão do nervo mediano no túnel do carpo.
A síndrome do pronador (compressão do nervo mediano ao nível do antebraço) deve também ser considerada como diagnóstico diferencial, trata-se de uma condição menos frequente, mas importante, na avaliação do paciente com suspeita de síndrome do túnel do carpo.

Perguntas frequentes

Todo paciente com síndrome do túnel do carpo deve ser operado?
Não, existem indicações específicas. O tratamento conservador é bem indicado para casos leves e iniciais, sem sinais de alarme.
A cirurgia para liberação do túnel do carpo precisa de anestesia?

• A liberação do túnel do carpo deve ser realizada da forma mais confortável e segura para o paciente. Pode ser realizada com segurança com anestesia convencional ou anestesia local e essa decisão deve ser realizada em conjunto
  É fundamental a realização de exames para o diagnóstico de síndrome do túnel do carpo?
• O diagnóstico da síndrome do túnel do carpo é clínico, porém, os exames de imagem têm o papel de confirmar o diagnóstico e excluir lesões associadas.